Desafios do setor de lubrificantes na transição energética

Desafios do setor de lubrificantes na transição energética

As evoluções já estão em curso e são grandes os desafios do setor de lubrificantes, aditivos e fluidos na transição energética da indústria automotiva mundial e brasileira. Com foco na descarbonização, os investimentos na área buscam produtos que contribuam para maior eficiência energética dos veículos e prazo cada vez mais alongado para a troca dos lubrificantes.

Com o macrotema “O impacto da transição energética na lubrificação automotiva”, a AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, promoveu no dia 27 de outubro, das 9h às 13h30, o XV Simpósio Internacional de Lubrificantes, Aditivos e Fluidos, ainda em forma on-line. A abertura do evento ficou por conta do vice-presidente da AEA, Marcos Vinicius Aguiar. Ele destacou em sua fala a importância dos atuais aportes no desenvolvimento de novas tecnologias.

A coordenadora do simpósio, Simone Hashizume, ex-diretora da AEA e hoje na Vopak, por sua vez, lembrou que as soluções de descarbonização vão variar nas diferentes regiões. Ela destacou que o Brasil tem uma matriz energética que permite portanto navegar de forma menos pressionada nesta transição.

Na primeira parte do evento, Ângela Oliveira da Costa, da EPE – Empresa de Pesquisa Energética, ligada ao Ministério das Minas e Energia, abordou o tema “Transição energética”. Em sua fala, lembrou que o Brasil é rico em recursos energéticos. Ela citou vários programas do governo nesse sentido, dentre os quais os relativos ao biogás e bioenergia.

Sua previsão é a de que os veículos eletrificados vão representar apenas 6% do total de 4,6 milhões de licenciamentos previstos para 2031. Disse que a eletromobilidade ainda tem muitos desafios, destacando assim que o tema transição energética tem de, necessariamente, contemplar o tripé social, econômico e ambiental.

Na sequência, falou Marco Garcia, da Scania, que abordou as soluções de mobilidade no segmento de veículos pesados. Ele lembrou que o óleo é um componente de papel vital no impacto ambiental, assim como no desempenho e na economia do motor. Por isso, explicou, é fundamental que o usuário utilize lubrificantes que atendam as especificações do fabricante, que variam de acordo com os modelos.

O mais recente desenvolvimento da Scania é a nova geração de óleo LDF-4. Ele eleva o desempenho do motor a um novo nível, reduzindo assim significativamente o consumo de combustível. De acordo com Garcia, a Scania trabalha direto com as academias para evoluir nessa área, sabendo que no caso dos veículos pesados o importante é evitar paradas desnecessárias do veículo. “O objetivo é sempre reduzir consumo e aumentar dessa forma a extensão do período de troca de óleo”.

Ao final das duas primeiras apresentações, Everton Gonçalles, da AEA, coordenou um debate com a participação dos representantes da EPE e da Scania. Eles responderam a uma série de perguntas encaminhadas pelos participantes virtuais do simpósio.

Elétricos, diesel e motos

A segunda parte do simpósio contou com seis palestras, sendo a primeira de Leandro Laurentino, da Iconic, sobre “Fluidos de arrefecimento para veículos elétricos”. Ele comentou que os elétricos contribuirão cada vez mais para a descarbonização do planeta, frisando que as linhas futuras de fluidos de arrefecimento devem portanto atender aos conceitos de maior segurança, ampla eficiência na troca de calor e menor condutividade elétrica.

“Em alguns anos, o fluido já deverá estar em contato direto, para operação do veículo, com as novas fontes de energia, como as baterias. Precisaremos ter uma formulação mais robusta do produto para atendermos assim um nível quase zero de emissões de CO2 e um desempenho seguro e eficiente de carros, motos e caminhões”, comentou Laurentino.

Após a palestra do representante da Iconic, foi a vez de Brent Brennam, da Afton Chemical, falar sobre “Fluidos de transmissão para veículos elétricos”. Esse tipo de veículo, na sua avaliação, vai ser predominante no mercado já em 2040, o que vem exigindo dessa forma investimentos crescentes dos OEMs.

Segundo explicou os fluidos de transmissão elétrica são projetados para atender aos desafios de desempenho da eTransmission. Eles consideram compatibilidade de materiais, propriedades térmicas e elétricas e proteção mecânica superior.

Ficou a cargo de Jorge Manes, da Infineum, falar sobre “Lubrificantes de baixa viscosidade para motores a diesel”. Ele comentou sobre a chegada do Euro VI no Brasil em janeiro próximo. E salientou que todas as montadoras estão caminhando no sentido de maior economia de combustível e menor emissão de poluentes. É nesse contexto que os óleos de menor viscosidade ganham assim cada vez mais importância.

Jeffrey Harmening, da API – American Petroleum Institute, foi o responsável pelo tema “Como o óleo de motor API atual e futuro apoiarão o cenários em mudança”. Informou que a API testa os óleos disponíveis no mercado há mais de 35 anos.

No momento, segundo ele, as empresas buscam a Ilsac GF-7, certificação concedida pelo Comitê Internacional de Padronização e Aprovação de Lubrificação que substitui a atual GF-6. Há uma busca por óleos de ultra baixa viscosidade, frisou Harmening em sua palestra. Dentre as atuais ações da API, comentou sobre a avaliação do impacto do etanol em todos os testes GF-6.

Com relação aos motores do futuro, disse que todos os híbridos plug-in terão de utilizar óleos, enquanto no caso dos elétricos os investimentos serão em novos fluidos. Segundo ele, há um grupo trabalhando nessa área para definir normas e padrões. Lembrou, por fim, que a API tem parceria no Brasil com o IQA, Instituto de Qualidade Automotiva, promovendo cursos sobre lubrificantes.

Brittany Folino e Kasi David, da Lubrizol, abordaram o tema “Óleo do motor híbrido: impulsionando os carros de hoje e a tecnologia do amanhã”. Folino concordou com outros palestrantes de que cada região do mundo vai seguir sua vocação. Na América do Sul, principalmente Brasil, os híbridos vão predominar no caminho para a eletrificação. Informou que a Lubrizol vem realizando pesquisas na região para ver o que o consumidor do carro híbrido quer em termos de óleos lubrificantes, fluidos etc. Segundo a executiva, os híbridos demandam lubrificantes mais robustos, tipo o ACEA-C.

A última palestra do Simpósio da AEA foi proferida por Rafael Ribeiro, da Oronite, abordando o tema “Motocicletas”. O executivo procurou deixar claro que os óleos utilizados em motos não podem ser os mesmos dos automóveis. Segundo ele, também neste segmento o óleo de menor viscosidade vem ganhando portanto cada vez mais espaço.

O evento da AEA foi encerrado com um debate com todos os participantes da segunda etapa do simpósio, mediada por Rodolfo Ferreira, da AEA.

O encerramento foi feito por Roberta Teixeira, diretora de Lubrificante da associação. Ela destacou que o Brasil é um país privilegiado no contexto de fontes renováveis de energia. Sobre o macrotema do simpósio, finalizou dizendo que a busca hoje é por lubrificantes que garantam maior eficiência energética e, ao mesmo tempo, aumento do prazo para a troca.

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