A Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII) e o IFSC/USP – Instituto de Física da Universidade de São Paulo em São Carlos, Unidade EMBRAPII especializada em Biofotônica e Instrumentação, apoiaram a startup Mondi Energy a desenvolver um coletor solar que usa energia solar para gerar calor e, assim, substituir em parte o consumo de combustível fóssil, reduzindo seu uso e as emissões de carbono no setor industrial de transformação, em segmentos variados como farmacêutico, químico, bebidas, laticínios, entre outros.
O CEO e fundador da Mondi Energy, Guilherme Scagnolatto, explica que a motivação partiu do entendimento de que a indústria, setor tão importante para o país, além de gerar milhões de empregos, investe progressivamente em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e se planeja para adotar cada vez mais tecnologias verdes e reduzir o impacto ambiental em suas atividades.
Como funciona
Os coletores solares captam os raios que vêm do sol e, em seguida, os concentram em tubos. Eles convertem a energia solar em calor, que age diretamente no fluido que passa dentro deles. Na indústria, esse líquido é normalmente a água – que, nessa solução apoiada pela EMBRAPII, se aquece e vira fonte de energia, substituindo o calor liberado na queima de combustíveis.
Guilherme explica que a diferença em relação aos aquecedores mais comuns utilizados em casas, por exemplo, é que o coletor solar desenvolvido pela Mondi Energy concentra a energia do sol para atingir temperaturas mais elevadas, de até 200°C. Já os aquecedores planos, comuns em residências, atingem temperaturas menores, porque não concentram a energia do sol. “Em aplicações em que a temperatura é mais elevada não conseguimos atingir essas temperaturas sem que haja concentração da energia solar”, esclarece.
O setor industrial que utilizar essa tecnologia pode diminuir a queima de combustíveis, reduzindo o impacto ambiental e custos. De acordo com Scagnolatto, o objetivo é que os coletores solares proporcionem de 20% a 30% de economia de combustível. O valor depende das características da operação da indústria que utilize o equipamento.
A equipe do IFSC/USP pesquisou respostas e apresentou soluções às demandas técnicas da startup. Ela ofereceu assim conhecimentos em propriedades físicas de materiais e eletrônica de controle, por exemplo. No processo, que teve início em fevereiro de 2021 e durou 12 meses, foram realizados os testes de amostras até a construção do protótipo. Após o desenvolvimento da tecnologia, a startup atualmente comercializa o projeto-piloto em dezenas de unidades. A ideia da empresa é validar a tecnologia e aumentar a escala do produto até 2024.
O CEO da Mondi Energy diz que o apoio recebido pelo EMBRAPII foi fundamental, porque, além dos recursos financeiros, teve também o reforço do capital humano da Unidade EMBRAPII, IFSC/USP. “Além de tudo, é um selo de credibilidade, porque a EMBRAPII acreditou na gente. Foi um apoio decisivo na nossa jornada”, conclui.