Brazil Windpower 2020 discute a Transformação Energética

Brazil Windpower 2020 discute a Transformação Energética

Considerado o maior evento de energia eólica da América Latina, o Brazil Windpower chegou à sua 11ª edição, desta vez em ambiente 100% digital

Realizado entre os dias 27 e 29 de outubro de 2020, o Brazil Windpower reuniu as principais autoridades e executivos do segmento, que discutiram importantes questões do setor eólico da atualidade, tendo como tema: “Transformação Energética: um futuro verde, livre e tecnológico”.

Brazil Windpower 2020 discute a Transformacao Energetica

A grade do Congresso esteve 50% maior do que no ano anterior, com a participação de 120 debatedores, palestrantes e moderadores em 27 painéis, que se encaixaram no tema principal do evento. Contou com salas virtuais de conteúdo exclusivo para atualização, debates com grandes nomes do setor elétrico e lançamento de produtos e serviços. O ambiente de networking também foi garantido, com salas temáticas e reuniões agendadas para troca de experiências.

Houve, ainda, ainda exposição virtual por meio de ambiente de pronto atendimento, com promoção e exposição de produtos e serviços para que o participante pudesse encontrar novos fornecedores, clientes e realizar negócios.

O Brazil Windpower é promovido anualmente pela Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), pelo Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês) e pelo Grupo CanalEnergia, portfólio da Informa Markets Brasil.

Durante a abertura, o ministro do Ministério de Minas e Energia (MME), Bento Albuquerque afirmou que energia eólica é uma história de sucesso para o Brasil e ressaltou a importância das fontes renováveis para a matriz energética brasileira.

“Há 10 anos, tínhamos menos de 1GW, e hoje, estamos comemorando 17GW de capacidade instalada”, declarou.

Além disso, ele parabenizou o evento por fomentar debates que darão formatação ou futuro promissor ao setor elétrico.

A presidente da ABEEólica, Elbia Gannoum, ao dar as boas-vindas aos participantes, afirmou que competitividade é a palavra-chave para o setor, que está cada vez mais moderno e eficiente. A executiva também explicou a dinâmica do evento, que teve como foco, no primeiro dia, os investimentos em energias renováveis e os rumos da economia de baixo carbono.

Ainda na abertura, foi entregue o título de embaixador do Vento a Juarez Castrillon Lopes, que deixou um grande legado para o setor eólico.

Retomada econômica verde

Com 17GW de capacidade instalada e mais de 660 parques e 8.000 aerogeradores em operação, o mercado de energia eólica vem registrando um crescimento exponencial nos últimos anos e se colocando como segunda fonte na composição da matriz elétrica brasileira.

O primeiro painel do Brazil Windpower 2020 teve como tema principal o debate sobre “Retomada econômica verde e o papel do setor elétrico”. Tratou sobre a recuperação econômica de forma sustentável em um momento de pandemia e discutiu como a transformação energética pode colaborar com o processo de retomada.

Estiveram presentes: Elbia Gannoum, presidente executiva da ABEEólica; Ben Backwell, CEO do GWEC; e Joaquim Levy, diretor de Estratégia Econômica do Banco Safra e ex-ministro da Fazenda. O debate foi conduzido por Ricardo Cyrino, CEO da Atiaia Energia e ex-secretário do MME.

O setor de energia renovável tem papel relevante na transformação social por meio da diversidade de gênero. Essa foi uma das principais conclusões dos participantes do painel: “Transformação energética: ESG e diversidade”.

De acordo com a consultora Sr. de Diversidade e Cultura da Engie, Erika Zoeller, em um segmento predominantemente dominado pelo universo masculino, como o setor elétrico, é fundamental que as empresas adotem programas de inclusão e diversidade de gênero.

“Se não tivermos representação do universo externo nas organizações, como vamos refletir a sociedade que vivemos? Essa temática é superimportante. Essas três letrinhas (ESG) estão transformando os negócios pelo mundo e dando muito mais credibilidade às empresas”, destacou Zoeller.

Para a Policy and Operations Director da GWEC, Joyce Lee, a sustentabilidade precisa ser pensada de forma mais ampla, inclusive considerando a temática da diversidade, proteção ambiental, justiça social, segurança energética, educação e igualdade de gênero.

Coordenado por Elbia Gannoum, o painel teve como palestrante o sócio da GO Associados, Gesner de Oliveira, que apresentou um estudo com o impacto econômico do setor eólico no Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios onde estão instalados, com geração de emprego e melhoria na qualidade de vida da população. O debate contou também com a participação do assessor da Diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Daniel Vieira.

Os desafios para ampliação da participação da energia eólica no Sistema Interligado Nacional (SIN) foram debatidos no painel: “Operação do SIN: desafios e contribuições da energia eólica”.

Tendo como moderador o diretor técnico da ABEEólica, Sandro Kiyoshi Yamamoto, a discussão contou com a participação do representante do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Sinval Gama; do representante da Neoenergia, Roger Mendonça; e do representante da Brennand, Adelson Ferraz.

O tema do painel de encerramento do primeiro dia do Brazil Windpower foi: “Governança e Transformação Energética”. O debate do painel tratou sobre as estruturas de governança das empresas e os seus impactos na inovação para acelerar a transformação energética. Foi moderado por Renato Volponi, consultor de Inovação, e contou com a participação de Alexandre Negrão, CEO da Aeris Energy; Renata Chagas, diretora presidente do Instituto Neoenergia; e Morten Dyrholm, Group Senior Vice President, Marketing, communications, Sustainability and Public Affairs na Vestas.

Expansão do mercado livre

“O mercado livre só vai crescer se o crescimento da geração crescer junto. Ele não vai crescer se ficar simplesmente comprando energia existente”. A avaliação é do CEO da Comerc, Cristopher Vlavianos, que participou do painel de abertura do segundo dia de debates, com o tema: “Mercado Livre para Energias Renováveis”.

De acordo com o executivo, nos últimos três anos, o mercado de energia eólica vem crescendo e se tornando cada vez mais competitivo, especialmente em função do aumento de empreendimentos com contratações no mercado livre de energia. Além da vocação natural do País para as fontes renováveis, o CEO da Comerc avalia que a mudança na visão das empresas, com busca crescente por sustentabilidade, foi decisiva para a expansão das fontes renováveis no Brasil, em especial para o mercado das eólicas.

“O consumidor está cada vez mais focado em sustentabilidade. As empresas estão com metas de redução de carbono e isso é um incentivo muito grande. Algum tempo atrás, em 2006, quando íamos vender energia de fontes renováveis, o gestor considerava somente o preço. Se era um pouco mais caro, não interessava. Agora, a visão mudou; as empresas pensam em sustentabilidade e nós temos fontes competitivas aqui e com preços reduzidos”, enfatizou Vlavianos.

Moderador do painel, o secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Rodrigo Limp, elencou alguns desafios para a transição completa do mercado regulado para o mercado livre. Entre os caminhos as serem percorridos, o secretário listou a questão das incertezas com a geração distribuída, o aumento das linhas de financiamento dos projetos no mercado livre, mecanismos que ampliem a segurança das contratações e o compartilhamento entre mercado regulado e livre dos custos atrelados à confiabilidade e segurança energética.

“Confiabilidade é um bem de todos. Não é exclusivamente do mercado regulado; ela beneficia a todos. Temos alguns desafios a percorrer, como a questão da separação do lastro de energia, dentre outros aspectos”, salientou. Presente no debate, a vice-presidente do Conselho de Administração e diretora da Área de Gestão do Mercado da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Talita Porto, falou dos desafios da implementação do preço de liquidação das diferenças (PLD) horário, a partir de janeiro de 2021.

Participaram ainda do painel o diretor de Relações Institucionais e Regulatório da Matrix Energia, Ricardo Suassuna, e o Managing Director – Head of Project Finance & Asset Based Finance do Santander, Edson Ogawa.

Demanda global por renováveis

A demanda adicional global por energia renovável nos próximos anos deverá ser de aproximadamente 90GW. A estimativa foi apresentada durante palestra proferida pela Brazil Lead Analyst and Climatescope Manager da BloombergNEF, Luiza Demoro.

De acordo com a especialista, que coordena um projeto global que monitora a demanda por energia renovável em mais de 140 países, em 2019, quase 50% dos países do mundo que adicionaram novas tecnologias energéticas optaram por eólicas ou solares, o que demonstra a forte tendência de crescimento dos dois segmentos em todo o mundo.

Ainda segundo ela, os grandes consumidores industriais de energia renovável continuam sendo as empresas de tecnologia, que possuem enormes parques logísticos e de produção ao redor do mundo. Dos atuais 67GW de contratos vigentes de energia renovável, 9GW estão nas mãos de 10 grandes empresas. A Amazon aparece em primeiro lugar, como a maior consumidora de energia renovável. Também estão na lista das líderes mundiais a Microsoft, Facebook e General Motors.

Para Joyce Lee, Policy and Operations Director da GWEC, os grandes consumidores industriais devem ser o vetor de crescimento das renováveis no Brasil e no mundo.

“As compras corporativas são importantes para acabar com essas flutuações de mercado. Temos cada vez mais compromisso por parte das empresas com a descarbonização da sua cadeia produtiva”, frisou.

O painel que tratou do tema teve como moderador Eric Rodrigues, diretor de vendas da Vestas, e contou ainda com a participação de Fillipe Soares, diretor técnico da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace), e de Alfredo Duarte, Global Supply Manager (Energy & Utilities) da Anglo American.

Também esteve em debate no segundo dia do Brazil Windpower a “Manutenção de parques eólicos: desafios da evolução tecnológica”. O painel, na sala O&M, teve como moderador Ramón Fiestas, da GWEC, além dos debatedores: Liu Aquino, da Echoenergia; João Tabalipa, da WEG; Marcelo Passos Diniz, da Simens Gamesa; Geraldo Freitas, da Ingeteam; e Lucas Sanchez, da Rio Energy.

Inovação e Cadeia Produtiva

A demanda adicional global por energia renovável nos próximos anos deverá ser de aproximadamente 90GW. A estimativa foi apresentada durante palestra no terceiro e último dia do evento, com o tema “Inovação e Cadeia Produtiva”, na qual executivos das principais empresas do setor eólico manifestaram preocupação com o abastecimento e a elevação dos preços de componentes importados da cadeia produtiva eólica, resultantes da flutuação cambial.

A expectativa do segmento é de que a situação retorne aos patamares anteriores à pandemia da Covid-19 o mais breve possível, para que não haja nenhum prejuízo à expansão das eólicas no País. “Estamos diante de grandes desafios com a cadeia de produção. Nossa grande preocupação é com o abastecimento dos materiais e o custo deles. Estamos vendo um escalonamento muito sério no preço das commodities, como cobre e aço, com aumento bem maior das matérias importadas. Isso preocupa todos os fabricantes, porque afeta a nossa capacidade operacional de gerar lucros. Esperamos que seja uma condição momentânea e que o abastecimento volte ao normal nos próximos meses”, afirmou João Paulo Silva, diretor-superintendente da WEG Energia.

Presente no debate, o diretor de vendas da Vestas, Eric Rodrigues afirmou que cerca de 30 a 40% dos componentes de uma turbina eólica são importados, e que a variação cambial, com forte valorização do dólar, já resultou no aumento de cerca de 15% no custo destes componentes. De acordo com o executivo, a inovação é fundamental para aumentar o ciclo de vida dos produtos e aerogeradores.

“A inovação permeia todo o ciclo de um projeto eólico. Ela vem ocorrendo desde as campanhas de medição, com processos muito mais sofisticados, até os equipamentos, novos rotores e formatos de negócios, como temos presenciado com a expansão do mercado livre”, relatou Rodrigues.

O debate, que foi moderado por Amilcar Guerreiro, diretor-geral do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica  (Cepel), contou ainda com a participação de Brian Pitel, diretor de Supply Chain para Onshore Wind na América Latina da GE; Julio Cesar Pinheiro Goes, diretor de Supply Chain da Siemens Gamesa; e Marcelo Costa, diretor de Compras da Nordex Acciona.

Programe-se

A próxima edição do Brazil Windpower já tem data e locais confirmados: acontecerá entre os dias 17 e 19 de agosto de 2021, no São Paulo Expo, em São Paulo (SP).

Para obter mais informações sobre o evento, acesse: www.brazilwindpower.com.br

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