O Leilão de Energia Nova A-5, realizado em agosto, pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), abriu caminho para uma inovação no setor elétrico: a antecipação da operação de energia por pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e centrais geradoras hidrelétricas (CGHs) que participaram do certame.
Com início de fornecimento previsto apenas para janeiro de 2030, várias dessas usinas estão adiantando a construção e negociando a energia no mercado livre antes mesmo da data contratual, uma estratégia que une crédito e comercialização e otimiza o retorno dos investimentos.
Segundo dados oficiais da CCEE, o leilão contratou 815 MW em novos empreendimentos, com 65 projetos vencedores e preço médio de R$ 392,84/MWh, representando um deságio de 3,16% sobre o valor-teto de R$ 411/MWh.
“Algumas PCHs que participaram do leilão já estavam em processo de construção. Essas usinas devem ficar prontas antes de 2030, por isso conseguem vender a energia antecipadamente no mercado livre, em operações que também ajudam a financiar a etapa final das obras”, explica Flávia Fagundes, gerente comercial da Tria Energia.
O modelo vem ganhando força por oferecer soluções financeiras integradas às necessidades do gerador. “Muitas vezes, o leilão garante um contrato de longo prazo com pagamento só a partir do início do fornecimento. Mas as usinas precisam de caixa agora, durante a construção. Então, elas podem vender a energia futura e receber antecipadamente, o que dá fôlego financeiro e reduz riscos de atraso”, destaca Flavia.
Essas operações, que combinam contratos de energia futura e antecipação de receitas, funcionam como uma espécie de operação de crédito lastreada em energia. “É uma negociação em que todos ganham. A comercializadora garante potência no portfólio para os próximos anos, e a usina consegue concluir a obra com segurança. É uma forma de fomentar novas usinas e acelerar a expansão das fontes renováveis”, explica.
Além de reduzir o tempo de payback, a antecipação ajuda a mitigar riscos financeiros e operacionais. “Uma usina pronta antes do prazo tem mais previsibilidade e evita prejuízos no futuro. Se ela atrasa, pode ter que comprar energia no mercado para cumprir o contrato, o que gera custos e multas. Então, antecipar é uma forma de proteger o projeto”, afirma Flavia.
No Leilão A-5 de 2025, segundo dados do MME e da CCEE, a maioria dos projetos vencedores é composta por usinas hidráulicas incentivadas a 50%, reforçando o papel das PCHs e CGHs na expansão da matriz de baixo carbono do país. “Essas operações antecipadas mostram que o mercado livre está se consolidando como um instrumento de desenvolvimento. Ele conecta geração, financiamento e sustentabilidade de forma prática”, conclui Flavia.





