Em novembro, a energia livre está até 42% mais barata no Distrito Federal, onde opera a Cebdis (Neoenergia). No entanto, mesmo no estado da federação onde essa diferença é menor – Sergipe, atendido pela Sulgipe, com uma assimetria de 13% – o ambiente de contratação de energia livre mantém-se atraente às empresas. É o que revela o Ranking Migratio de Economia, que passará a indicar periodicamente as diferenças de preços entre quem compra a sua energia das 51 principais distribuidoras do País e quem a adquire no ambiente de contratação livre, diretamente do gerador ou de uma comercializadora de energia.
“Queremos alertar os empreendimentos cujas contas de luz já estão na casa dos R$ 10 mil que eles podem – e devem – obter economias significativas ao migrarem para o mercado livre de energia”, afirma Hélio Lima, sócio-diretor da Migratio Energia. “Por isso calculamos, estado a estado, qual é a diferença que se pode chegar em relação às principais distribuidoras locais, a fim de que, de posse desta informação, cada um possa tomar a melhor decisão sobre como quer obter o fornecimento desse insumo tão crucial quanto é a energia”, complementa.
Diferença de 24% a 37% em São Paulo
De acordo com o Ranking Migratio de Economia, em 34 regiões servidas pelas 51 principais distribuidoras do país a energia livre é 30% mais barata – ou mais – do que a cobrada na conta de luz dos consumidores cativos. Em 15, a assimetria fica entre 20% e 29%; e em dois, ela varia entre 13% e 19%. Já se o corte for por região, há uma diferença média de 28% no Norte; 30% no Nordeste; 33% no Centro Oeste; 32% no Sudeste; e de 29% no Sul.
Já, especificamente, no estado de São Paulo, as diferenças, conforme a distribuidora, variam de 23% (CPFL Santa Cruz) a 37% (CPFL Piratininga). Nesse intervalo se situam Energisa SS, Elektro, CPFL Paulista e EDP SP.
A lógica da diferença
Lima explica que essas diferenças de preço entre os dois ambientes de contratação de energia têm portanto várias razões. Mas a principal é que, no ambiente de contratação livre, o preço é definido em contrato, entre as partes – ou seja, entre o consumidor e quem lhe fornece a energia. Assim, não incidem sobre o preço final a ser pago boa parte das tarifas comuns ao mercado cativo. Um exemplo é a tarifa cobrada nos horários de pico. Também a Tarifa de Uso dos Sistemas Elétricos de Distribuição (TUSD), só incide parcialmente na conta de quem está no mercado livre.
Um dos principais fatores que incidem na formação do preço de energia para os consumidores do mercado cativo diz respeito, exatamente, à TUSD e à TE. Ambas compõem o preço final da conta de luz, cobrada no mercado tradicional, mas não no mercado livre. “A TUSD é tão mais cara, quanto maior for a rede física da área de concessão para atender uma determinada região. Está, também, relacionada ao número total de pontos de consumo”, diz ele. Ou seja, nos estados que têm grande concentração de consumidores, ela tende a ser mais baixa.
Redes extensas e com baixa densidade
Há estados em que há poucos consumidores e a rede precisa dessa forma percorrer centenas de quilômetros para chegar a cidades distantes entre si. A consequência é que a TUSD tende a ser muito mais cara. “Basicamente, o valor cobrado está relacionado à densidade demográfica de cada região”. A conta de luz do mercado cativo nos estados maiores e com baixa densidade populacional será sempre portanto mais alta do que naqueles menores, e muito mais povoados.
Já a TE é cobrada no mercado cativo a partir do preço pelo qual a energia foi adquirida pela distribuidora em leilões promovidos pelo Ministério de Minas e Energia (MME). “Na verdade, há distribuidoras que contratam melhores do que outras. Por isso, o preço pago em um estado é diferente do que é pago em outro”, pontua Lima. “E isso se reflete assim no preço final repassado ao consumidor”, acrescenta.
Critérios do ranking
O cálculo usado no Ranking Migratio de Economia centra-se na diferença média entre o que se paga no mercado livre e no mercado cativo. Ele leva em conta um consumo padrão das empresas que concentram o seu consumo entre 7 da manhã e 17 horas. “Optamos por simular o preço pago por empresas com um consumo médio de 20MWh, ou cujos valores estivessem na casa dos R$ 20 mil”, detalha o executivo. Segundo ele, a maioria das empresas concentra a sua atividade nesse intervalo para evitar dessa forma as salgadas tarifas dos horários de pico. O valor cobrado pelo consumo nesse momento pelos consumidores do mercado cativo pode chegar a até 4 vezes mais do que o que é pago nos demais momentos do dia. Isso é denifido pela distribuidora local.