Sujeira invisível, prejuízo real como a poeira pode estar sabotando seu painel solar

Sujeira invisível, prejuízo real: como a poeira pode estar sabotando seu painel solar

À medida que o Brasil avança na adoção da energia solar, um desafio silencioso compromete a eficiência e o retorno financeiro de sistemas fotovoltaicos: o acúmulo de sujeira nos painéis. Conhecido como soiling, esse problema é causado pela deposição de poeira, poluição, pólen, areia, excrementos de pássaros e outros tipos de partículas, que  reduzem a capacidade de geração de energia sem que muitos usuários percebam.

Estudos da Agência Internacional de Energia (IEA) (Relatório IEA-PVPS T13-21:2022) indicam que, depois da irradiação solar, a sujeira é o fator que mais impacta o desempenho dos painéis, podendo causar perdas anuais de 3% a 5% na produção de energia. Além disso, o acúmulo de resíduos pode elevar a temperatura dos módulos, afetando sua vida útil e aumentando custos operacionais.

Monitoramento de sujidade

Diante desse cenário, o Future Grid, Centro de Competência Embrapii em Smart Grid e Eletromobilidade do Lactec, desenvolveu o Solo – Sistema de Detecção de Perdas por Sujidade. Os pesquisadores Eduardo Massashi Yamao e Natalia Menezes são os coordenadores do projeto. A solução utiliza machine learning para identificar, em tempo real, quando a queda de desempenho está relacionada à sujeira, dispensando a necessidade de dados climáticos externos.

“O Solo monitora o desempenho dos inversores fotovoltaicos. Tanto os string (usados em grandes usinas) quanto os microinversores (comuns em sistemas residenciais). E diferencia perdas por sujidade de outros fatores, como variações de temperatura e irradiação”, explicam Natalia Menezes e Eduardo Massashi Yamao.

De acordo com os pesquisadores, a proposta do sistema é enviar alertas automáticos quando a limpeza se tornar necessária, evitando manutenções desnecessárias e perdas prolongadas de eficiência. Isso é especialmente relevante em grandes usinas, onde cada 1% de perda representa um impacto financeiro significativo.

Tecnologia acessível

A equipe desenvolveu o Solo para atender desde pequenos produtores, como residências e fazendas, até grandes usinas solares. Entre suas vantagens está o aumento da geração de energia, já que minimiza perdas por sujeira. Além de reduzir custos operacionais ao evitar limpezas prematuras ou tardias. A solução também contribui para uma maior vida útil dos painéis, mantendo a operação dentro da eficiência ideal.

Validação

O projeto do Lactec, um dos maiores centros de pesquisa, tecnologia e inovação do Brasil, conta com uma estação experimental. Ela simula diferentes níveis de sujeira, correlacionando-os à produção de energia em tempo real, temperatura, irradiação solar e parâmetros elétricos dos inversores. “Com base nesses dados, os algoritmos de aprendizado de máquina são treinados para reconhecer padrões de perda de eficiência causados pela sujidade”, detalham Natalia e Eduardo. O resultado é um sistema preciso e autônomo, que opera localmente sem exigir modificações complexas nas instalações existentes.

Impacto no setor solar brasileiro

O Brasil já é líder em energia solar na América Latina, com destaque para estados como Minas Gerais, Bahia e São Paulo. Manter a eficiência dos painéis ao longo de seus 25 anos de vida útil é essencial para garantir o retorno do investimento.

Soluções como o Solo representam um avanço não apenas para redes inteligentes, mas para um futuro energético mais sustentável e eficiente. Afinal, energia limpa exige manutenção inteligente — e é isso que a tecnologia pode oferecer.

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