Com a crescente busca pela formação de um sistema de mobilidade sustentável, impulsionada pela necessidade de substituição dos combustíveis fósseis e pela gradativa preocupação com as emissões de carbono, o setor automotivo tem olhado assim cada vez mais para os materiais que garantem a eficiência e a essência eco-friendly dos veículos elétricos.
Nesse cenário, metais e novos materiais com elevada capacidade de conduzir eletricidade — como o nióbio, o lítio e o grafeno — têm emergido como protagonistas, devido à sua usabilidade enquanto componentes das baterias dos automóveis elétricos, delineando assim uma nova relação entre o setor automotivo e a indústria mínero-metalúrgica.
De acordo com a pesquisadora Morgane Soares da Universidade Federal de Uberlândia, em artigo apresentado no VI Encontro Nacional de Economia Industrial, no setor de baterias automotivas, é necessário que haja um acom panhamento tecnológico, fornecendo às montadoras condições para uma evolução consistente em direção à sustentabilidade.
“Até o presente momento, a indústria de baterias para o setor automotivo tem como principal insumo o chumbo, que representa cerca de 80% do custo operacional de produção, formando as baterias de chumbo-ácido, apesar de ter passado por diversas adaptações incrementais no decorrer da história. Com vistas a minimizar os efeitos que o chumbo oferece à saúde humana e ao meio ambiente, foi-se criando e intensificando as práticas de economia circular, que também se configuram como práticas benéficas aos fabricantes, pois minimizam a dependência da importação do insumo”, cita a pesquisadora.
Como ressalta a acadêmica, o interesse nas baterias elétricas une a preocupação com a saúde humana à sustentabilidade ambiental e a benefícios econômicos, fazendo com que dessa forma centenas de países estabeleçam metas em relação aos carros elétricos, como é o caso do Brasil que, até 2035, quer que mais de 50% dos veículos 0km produzidos em solo brasileiro sejam elétricos.
Conheça quais são as propriedades dos metais que se tornaram aposta da indústria automotiva para responder às metas internacionais de sustentabilidade:
Nióbio: o supercondutor do futuro
O nióbio, metal estratégico abundantemente encontrado no Brasil, tem se destacado como um componente crucial em baterias de alta performance. Com suas propriedades supercondutoras, o nióbio possibilita a produção de baterias mais eficientes e duráveis, o que se traduz em uma maior autonomia para os veículos elétricos. Segundo a Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM), o país detém cerca de 98% das reservas mundiais desse metal, conferindo-lhe uma posição estratégica no fornecimento para a indústria automotiva global, além de contar com a líder global em produtos de nióbio do mundo, a CBMM.
Lítio: o elemento-chave da eletrificação
O lítio, por sua vez, é amplamente conhecido como o componente fundamental das baterias de íon-lítio, as mais utilizadas na propulsão dos carros elétricos na atualidade. Sua leveza e alta capacidade de armazenamento de energia têm tornado possível a expansão da autonomia dos veículos elétricos, tornando-os uma alternativa viável aos combustíveis fósseis. A Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração destaca que, apesar de o Brasil não ser um dos maiores produtores de lítio, o país possui reservas significativas desse elemento, sinalizando um potencial importante para a indústria automotiva nacional.
Grafeno: a revolução dos materiais
O grafeno, uma forma alotrópica do carbono, tem despertado grande interesse devido às suas propriedades vistas como promissoras, dentre as quais a ABM destaca: resistência mecânica e leveza; flexibilidade e transparência; condutividade elétrica e térmica em altos níveis. As propriedades únicas do grafeno o tornam um material extremamente versátil, com aplicações potenciais em uma ampla variedade de setores, incluindo eletrônica, energia, medicina, materiais compósitos, revestimentos e muito mais.
Sustentabilidade, Economia Circular e desenvolvimento de novos materiais são alguns dos temas discutidos anualmente na ABM Week, maior evento técnico-científico da América Latina nos setores de metalurgia, materiais e mineração, e que será realizado entre 03 e 05 de setembro.