A energia nuclear ocupa um papel estratégico na discussão sobre o futuro da matriz energética brasileira e mundial. Durante o Energy Summit, especialistas de destaque participaram do painel “Nuclear Energy as a Reliable Power Source”, aprofundando a análise sobre os desafios, assim como as oportunidades deste setor. O debate contou com Celso Cunha (presidente da Abdan), Navid Samandari (senior fellow da Erhvervslivets Tænketank) e Antonio Ramiro Barroso (diretor da Westinghouse do Brasil).
O tema foi contextualizado a partir das novas demandas globais por segurança energética, descarbonização e inovação tecnológica. Os painelistas ressaltaram que a energia nuclear se consolida como uma das alternativas mais confiáveis para garantir o abastecimento contínuo e sustentável, especialmente diante das limitações das fontes intermitentes, como a solar e a eólica.
Celso Cunha abriu o painel enfatizando que não há transição energética efetiva sem integrar a energia nuclear ao portfólio de fontes limpas. Ele destacou as limitações das renováveis intermitentes devido ao curtailment – a redução da geração por limitação do sistema – e ressaltou a necessidade de complementaridade entre as tecnologias. Cunha frisou, ainda, que o Brasil terá demandas crescentes, especialmente com a projeção de até 9 GW exigidos por datacenters até 2030, cenário no qual a nuclear pode exercer papel determinante.
Antonio Ramiro Barroso abordou a viabilidade financeira da energia nuclear, destacando que, após o investimento inicial, a geração se dá praticamente a custo zero e pode ser acionada a qualquer momento, conferindo assim segurança e estabilidade ao sistema energético. Ramiro também destacou o avanço dos microreatores e dos SMRs (Small Modular Reactors), tecnologias capazes de descentralizar a geração, aumentar a resiliência e, portanto, ampliar a capilaridade do sistema energético brasileiro. Outro ponto relevante apresentado por Barroso foi o movimento de migração de algumas termoelétricas para o modelo nuclear, promovendo dessa forma inclusive a reciclagem e reaproveitamento de colaboradores do setor.
Navid Samandari reforçou a importância de evoluir os aspectos regulatórios e os processos de licenciamento para impulsionar a implementação de novas usinas nucleares. Países como China e Estados Unidos já avançam significativamente nesse quesito, criando projeções interessantes para expansão do setor. Samandari também ressaltou o engajamento das bigtechs e a necessidade de mobilizar diferentes fontes limpas, integrando assim o nuclear ao conjunto de soluções para atender à crescente demanda energética global.
A discussão reforçou portanto o consenso de que a energia nuclear é indispensável para compor uma matriz energética de baixo carbono, segura e confiável, especialmente em um cenário de demanda crescente por eletricidade de grandes consumidores, como datacenters e indústrias intensivas. Especialistas apontam a evolução regulatória, o avanço tecnológico dos reatores modulares e a integração entre diferentes fontes energéticas como caminhos essenciais para consolidar o papel da energia nuclear como pilar do futuro energético brasileiro e global.