O futuro da energia é energia distribuída

O futuro da energia é energia distribuída

Escrito nos Estados Unidos em 2011 e lançado no Brasil em 2012, “A Terceira Revolução Industrial – Como o poder lateral está transformando a energia, a economia e o mundo”, de Jeremy Rifkin, é uma obra “atualizadíssima” sobre os temas energia e infraestrutura do setor elétrico brasileiro de hoje. Para o autor, os pilares do século XXI são o uso de energias renováveis, imóveis produzindo a própria energia e utilização de armazenamento de energia. E isto não é utopia, ele diz que “seremos capazes de construir cada imóvel com sua própria minigeradora de energia, produzindo assim energia limpa e renovável para suas próprias necessidades e sendo o excedente despachado para outros fins”.

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O que isto significa? Significa o crescimento da geração de energia de forma distribuída, introduzindo conceitos como armazenamento de energia, favorecendo dessa forma os despachos de excedentes residenciais e fortalecendo o papel dos recursos energéticos distribuídos no setor elétrico brasileiro.

Na época em que o livro foi lançado no Brasil, o autor convidou a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (período 2003 a 2008) para escrever o prefácio. Ao escrever este texto, ela é novamente ministra da mesma pasta até 2026 e para ratificar a escolha do meu título para esta resenha, reproduzo assim as palavras dela: “Esta nova forma de pensar o sistema motriz do desenvolvimento, rompe com a ideia de grandes centrais energéticas verticalizadas, construídas a partir de fontes fósseis como petróleo, gás e carvão. É uma ideia poderosa”.

A ministra continua o prefácio dando ênfase ao papel da política e a importância de inovação na matriz energética brasileira: “se não investir em inovação tecnológica e diversificação da sua matriz energética, não acompanhará os aspectos centrais das transformações…” e “mas é no campo da política que estão nossos maiores desafios”.

Jeremy Rifkin escreveu uma introdução especial para a edição brasileira, na qual traz a certeza de que o Brasil, no século 21, irá liderar o crescimento econômico nas Américas e uma sociedade pós-carbono sustentável, pois tem, de longe, mais potencial para energia renovável por metro quadrado do que qualquer outro país do mundo. Ele cita que “… milhões de pessoas produzirão sua própria energia renovável em suas casas, escritórios e fábricas e compartilharão eletricidade verde em uma ‘internet da energia’, assim como agora criamos e compartilhamos informação on-line”.

Ele também escreve que “o Brasil precisa explorar o potencial da microgeração de eletricidade hídrica de rios e córregos locais. O país ainda não desenvolveu o vasto potencial de ondas do oceano e marés de sua costa atlântica como fonte de geração de energia. Também fez pouco para promover a conversão de dejetos sólidos e esgoto em energia em suas principais áreas urbanas. O país nem começou a explorar o reservatório de energia geotérmica sob sua superfície terrestre…”

Para o autor, a democratização da energia trará consigo uma reorganização das relações humanas no mundo, influindo assim na maneira como conduzimos os negócios, governamos a sociedade, educamos nossos filhos e nos engajamos na vida cívica. Ele trouxe, na década passada, a visão do estabelecimento da infraestrutura básica marcada por comportamento colaborativo, onde a sociedade está profundamente engajada na busca de justiça social, igualdade, transparência e independência de energia.

A leitura desse livro serviu, para mim, como um guru do setor elétrico. Ele associa a geração de energia ao desenvolvimento econômico individual e, também, da sociedade: “O fator mais importante para tirar centenas de milhões de pessoas da pobreza é dar-lhes acesso confiável e possível à eletricidade verde. Sem ela, o desenvolvimento econômico será impossível. A democratização da energia e o acesso universal à eletricidade é portanto o ponto de partida indispensável para melhorar a vida das populações mais pobres do mundo. A extensão do microcrédito para gerar microenergia já está começando a transformar a vida das nações em desenvolvimento, dando potencialmente a milhões de pessoas a esperança de melhorar sua situação econômica”.

Recomendo a leitura desta obra incrível, uma verdadeira chamada para a responsabilidade com o futuro da energia no Brasil. Que através dela possamos nos unir em torno da visão comum de um amanhã melhor, onde centenas de milhões de pessoas produzirão assim sua própria energia, em uma rede colaborativa e distribuída, e que, em breve, a modernização do setor elétrico brasileiro não será opcional.

Artigo de Zilda Costa, vice-presidente da ABGD e referência em energia renovável e sustentabilidade

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