No final de setembro de 2023, as regiões com maiores reservatórios, submercados Sudeste e Centro-Oeste, estavam com energia armazenada em 72,4% de sua capacidade máxima. Às vésperas de mais um período de chuvas, os preços de energia no médio prazo estavam assim em patamares muito baixos. Esse fator inviabiliza qualquer projeto de longo prazo, como construção de novas usinas. Como o mercado antecipa as expectativas futuras, os preços baixos simplesmente refletem o otimismo com as chuvas que em teoria viriam, aumentando portanto os níveis dos reservatórios.
“Hoje, no mês que encerra o frustrante período de chuvas que tivemos. Os mesmos reservatórios se encontram com 72,9% e os preços de energia estão cerca de 50% mais caros. O otimismo da eterna energia barata se encerrou. Projetos de longo prazo de energia renovável, agora, se tornam mais viáveis. Eles são uma excelente forma de se proteger da instabilidade de preços e aumento alarmante dos encargos setoriais”, explica Pedro Coletta, especialista em energia da Equus Capital.
A Equus Capital investe em teses inevitáveis de longo prazo, ou seja, tecnologias que serão já são e serão usadas no futuro próximo. Essa opção acontece independentemente de governo ou situação econômica do local e mundial, como por exemplo, inteligência artificial e energia.
“Nós estamos desenvolvendo um grande projeto de energia renovável no Nordeste, com investimento inicial de R$ 1 bilhão. Não estamos olhando como está o preço desta commodity hoje. Estar cara ou barata, não influencia no nosso projeto. Olhamos sempre para o que acontecerá no futuro e, o mundo, demandará cada vez mais energia, seja em função do crescimento do PIB, carros elétricos ou surgimento de uma nova indústria verde”, ressalta Coletta.
O período ruim de chuvas foi contrabalanceado pelo ótimo desempenho das usinas solares e eólicas. Por exemplo, do dia de maior consumo de energia da história, 27% foi gerada através destas duas fontes. “Se não fosse a forte presença dessas energias, estaríamos em uma situação pior, evidenciando ainda mais a dinâmica cíclica de otimismo e pessimismo nos últimos anos, em relação aos níveis dos reservatórios. Basta lembrarmos que, em 2021, com a maior seca dos últimos 91 anos, corremos um sério risco de termos um racionamento, com os reservatórios vazios e os preços de energia nas alturas”, finaliza o executivo.