Projeto gera economia de 60% na conta de energia elétrica de conjunto habitacional, beneficiando cerca de 100 famílias

Projeto gera economia de 60% na conta de energia elétrica de conjunto habitacional, beneficiando cerca de 100 famílias

Cerca de 100 famílias do conjunto habitacional Paulo Freire, na zona leste de São Paulo, estão sendo beneficiadas por um projeto que promove o protagonismo dos moradores no acesso e gestão da energia elétrica. Um mês após a instalação de 38 placas fotovoltaicas e a realização de oficinas de capacitação para arquitetos e urbanistas de assessoria técnica a movimentos populares e integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra Leste 1, já houve economia de 60% no valor da conta de energia elétrica das áreas comuns do prédio. A iniciativa é do Instituto Pólis, em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra Leste 1 (MST – Leste 1) e Revolusolar, com parceira de fomento do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU-SP).

Mais do que a instalação dos 38 painéis solares, que devem gerar 20 megawatts por mês, o projeto propicia a autonomia das famílias na gestão de seus próprios recursos energéticos. As oficinas que estão sendo realizadas, O objetivo é que os moradores formem coletivos de energia solar e tomem suas próprias decisões de uso, proveniente da economia gerada nas áreas comuns do conjunto habitacional, decidindo o melhor direcionamento para as economias geradas pelas placas solares.

“O projeto é focado em formação, capacitação e desenvolvimento local. Há um aspecto muito forte de mobilização comunitária, explica Tama Savaget, coordenadora de projeto no Instituto Pólis: “Nossas ações também incluem um curso sobre direito à cidade e à energia, para os moradores, para que assumam protagonismo no uso da energia”, completa.

Energia como construção popular e solidária

A equipe de idealizadores do projeto ressalta que não basta apenas ter as placas instaladas. Esse tipo de infraestrutura requer um arranjo de gestão que deve ser construído coletivamente. Para a tecnologia ser assimilada e beneficiar o grupo de moradores, é fundamental essa construção colaborativa das famílias envolvidas.

A iniciativa começou a ser formulada ainda no ano passado e suas ações seguem até setembro no Paulo Freire, com a perspectiva de ser levado para outros conjuntos habitacionais da zona leste da capital paulista. Se ampliado, o projeto deve contemplar mais de 20 conjuntos habitacionais da cidade, beneficiando em torno de 4 mil famílias. “A ideia é promover uma transição energética justa, inclusiva e popular com a disseminação de tecnologia social e coletivos de energia solar”, explica Bruna Lopes Bispo, assistente de projetos no Pólis.

O projeto tem atividades educativas voltadas a crianças, adolescentes e adultos. Um dos objetivos é contribuir com uma perspectiva popular sobre transição energética justa, combatendo a pobreza energética por meio da criação de tecnologia social de coletivos de energia solar.

Primeira escolha

O conjunto habitacional Paulo Freire foi escolhido por ser um mutirão histórico As ações no endereço, que contou com parceria da Revolusolar, começaram com uma visita para identificar os pontos de instalação das placas solares. Nesse processo, foi possível detectar os locais de maior gasto de energia, como a bomba da caixa d’água.

Minha Casa, Minha Vida e os painéis solares

Mais do que implementar o sistema de captação de energia solar e incentivar a criação de coletivos autônomos para a gestão da energia, o projeto visa incidir no debate público sobre o tema. Com a lei nº 14.620, de 13 de julho de 2023, que dispõe sobre o programa Minha Casa, Minha Vida e prevê a instalação de placas solares na construção das moradias, a expectativa é assegurar a utilização da tecnologia social de forma efetiva.

Desenvolver estudo de viabilidade de biodigestores e disseminar a tecnologia social de coletivos solares para lideranças de movimentos de moradia e outros atores estratégicos do campo também são desdobramentos possíveis a partir do projeto.

Justiça energética no Pólis

Os projetos de justiça energética do Instituto Pólis têm como objetivo levantar, produzir e disseminar informações relevantes sobre acesso à energia, pobreza e justiça energética, para reivindicar- em conjunto com movimentos populares e Organizações da Sociedade Civil – a implementação de políticas públicas que efetivamente garantam o acesso à energia elétrica como parte dos direitos fundamentais para se viver com dignidade nas cidades e assentamento humanos.

Leia também Lei que inaugura uso de energia solar no Minha Casa. Minha Vida promove justiça social e democratiza o acesso a geração própria

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