O Encontro Impactos Positivos 2025, fundado por Gisele Abrahão, ocorreu na última quinta-feira, 2 de outubro, no espaço FIAP Paulista, em São Paulo. A quarta edição reuniu lideranças do ecossistema de impacto, grandes empresas, investidores e empreendedores para debater transição energética justa e justiça climática e reconhecer negócios que transformam o Brasil. “Vai ser longo, mas com um conteúdo extremamente importante e algo que com certeza vai agregar a todos”, disse Abrahão, ao abrir o evento.
Vozes que pedem ação conjunta
A diretora ESG Gisele Batista, da ABRH Florianópolis e Harpia Meio Ambiente, sublinhou que o debate precisa representar a sociedade como um todo. “A ideia é que a gente leve a voz de cada um de nós, sejam os painelistas, sejam os especialistas que estarão aqui conosco, mas também a sociedade civil”, afirmou. Para ela, o documento a ser entregue na COP30 deve consolidar a força dos negócios de impacto como solução real para a crise climática.
A desigualdade do impacto climático
O analista de inovação Felipe Figueiredo, do Sebrae Nacional, lembrou que a crise climática não é neutra. “Infelizmente, ela impacta os mais vulneráveis. Só nos últimos dez anos, tivemos cerca de 220 milhões de deslocados por eventos climáticos. É um Brasil inteiro em movimento forçado”, destacou. Segundo ele, a resolução exige colaboração entre governo, empresas e sociedade.
Empreendedorismo que transforma territórios
Figueiredo enfatizou que os negócios de impacto são protagonistas de um novo modelo econômico. “A filantropia tem limites, o orçamento público também. Mas o capital gerado por empreendedores pode ser muito maior”, disse. Ele citou o programa Inova Biomas, que apoia iniciativas em bioalimentos, biocosméticos e bioconstrução, valorizando os recursos naturais e garantindo que a riqueza permaneça nas comunidades locais.
Políticas inclusivas para uma economia de impacto
Representando a ENImpacto, Giselle Viana destacou que políticas públicas só serão eficazes se forem construídas com diversidade e governança inclusiva. “A justiça climática passa por inovação, mas sempre pela equidade”, afirmou. Ela citou o Sistema Nacional de Governo de Impacto e o Cadastro Nacional de Empreendimentos de Impacto como estruturas que ampliam a representatividade.
A urgência de uma transição energética justa
Viana alertou para os riscos de uma transição energética desigual. “Existe hoje uma corrida por minérios críticos para a transição, e ela tem gerado problemas graves em territórios indígenas e quilombolas. Não basta dizer que defendemos a transição. Ela tem que ser justa”, afirmou. Para ela, é essencial enfrentar os impactos negativos já existentes e evitar repetir erros da economia vigente.
Do alívio à regeneração
Encerrando o painel, Figueiredo reforçou que é hora de pensar além da mitigação. “Estamos diante de pontos de não retorno em relação ao aumento da temperatura global. Por isso, precisamos de negócios que não apenas reduzam danos, mas que regenerem o que já foi perdido”, afirmou. O Sebrae, segundo ele, prioriza hoje o apoio ao empreendedorismo de impacto, com foco em diversidade e inclusão.
Premiação
No Prêmio Impactos Positivos 2025, diferentes iniciativas brasileiras foram reconhecidas. Na Categoria Ideação, o vencedor foi o SerTão Chapéu (CE). A Categoria Operação premiou a PLUVI Soluções Ambientais Inteligentes (PE). Já a Categoria Tração destacou o Engenho Café de Açaí (AP), e entre os Dinamizadores do Ecossistema, a vencedora foi a Fábrica Social ITI (MG).