Comunidades como protagonistas da transição evidenciam educação e participação local

Comunidades como protagonistas da transição evidenciam educação e participação local

O Encontro Impactos Positivos 2025, em São Paulo, reuniu lideranças para debater como justiça climática, inovação e impacto social se conectam à transição energética justa. O painel “Comunidades como Protagonistas da Transição” trouxe reflexões sobre educação, tecnologia e fortalecimento de parcerias locais.

Aproximação com a comunidade fortalece soluções reais

Para Luis Fernando Guggenberger, presidente do Instituto Ultra, o aprendizado mais transformador nasce fora dos gabinetes. “É sair um pouco do gabinete para ouvir as necessidades reais da comunidade. Sem dúvida, é super importante ir até lá, porque é nesse diálogo que se criam pontos de convergência”, afirmou Guggenberger. Ele destacou que muitas vezes é preciso estimular soluções junto aos moradores, já que a escassez de repertório pode limitar avanços.

Educação básica como pilar de desenvolvimento

Ao abordar a educação, Guggenberger chamou atenção para indicadores preocupantes. Segundo ele, apenas 36% dos alunos concluem o 9º ano com domínio mínimo em Língua Portuguesa e 16% em Matemática.

“Quando chegamos ao ensino médio, os números despencam. Apenas 5% concluem com base matemática sólida. Isso impacta diretamente o mercado de trabalho e a própria transformação tecnológica do país”, disse. Para ele, investir em competências essenciais é condição para gerar autonomia financeira e inclusão digital.

Empreendedorismo social impulsiona mudanças

Na visão de Lilian Natal, diretora da Rede Mulher Empreendedora, o fortalecimento de parcerias locais é fundamental para transformar territórios. “Não é criar para, é criar com. O trabalho só se sustenta quando a cadeia inteira é fortalecida e os parceiros locais são remunerados. A riqueza surge quando estimulamos multiplicadoras e organizações da própria comunidade”, destacou Natal.

Educação tecnológica como urgência social

Lilian também alertou para o risco de a transformação digital ampliar desigualdades. “Se já estamos defasados na educação, a chegada da inteligência artificial pode agravar ainda mais a distância. Nossa maior urgência é equiparar os jovens, porque não se sustenta um país sem educação tecnológica”, afirmou, defendendo que o setor privado assuma papel ativo nesse processo.

Protagonismo compartilhado na construção da mudança

Adriana Alves, executiva e autora de “O Manual da Empresa Antirracista”, reforçou que o caminho para a transição justa passa pela valorização de diferentes recursos e vozes.

“Não é só o poder financeiro que importa. Os outros recursos também são fundamentais. As comunidades precisam estar com o poder de decisão sobre estratégias e não apenas receber soluções prontas”, afirmou. Para ela, parcerias equilibradas são a chave para avanços consistentes.

O impacto coletivo em um Brasil regenerativo

O painel mostrou que a transição energética justa só será possível com a integração de saberes, o fortalecimento da educação e a valorização das comunidades como agentes de mudança. Ao unir empresas, líderes sociais e a população, cria-se um novo paradigma: a construção de um país regenerativo, inclusivo e com justiça climática no centro das decisões.

Premiação

Os vencedores do Prêmio Impactos Positivos 2025 foram anunciados. Na Categoria Ideação, o destaque ficou com o SerTão Chapéu (CE). Já na Categoria Operação, quem levou o prêmio foi a PLUVI Soluções Ambientais Inteligentes (PE). A Categoria Tração consagrou o Engenho Café de Açaí (AP), enquanto a Categoria Dinamizadores do Ecossistema premiou a Fábrica Social ITI (MG).

Reportagem e foto: Mary de Aquino
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