O mês de junho começou com a reativação da bandeira vermelha nas contas de luz, anunciada pela Aneel. A tarifa ficou R$ 4,463 mais cara a cada 100 kWh consumidos, em razão da queda no volume de chuvas e da consequente redução na capacidade dos reservatórios das hidrelétricas. O cenário retoma uma discussão que tem ganhado força diante da pressão no consumo energético: a volta do horário de verão.
Desde que a medida foi revogada, a Abrasel tem defendido sua retomada como uma alternativa simples e com potencial de gerar benefícios concretos para a população e a economia. “O horário de verão é uma medida de baixo custo para o governo. Ela pode ajudar a reduzir o consumo de energia em horários de pico e ainda estimular dessa forma o setor de serviços. É o momento de encarar essa possibilidade com seriedade, diante de um quadro que tende a se agravar nos próximos meses. Já iniciamos o mês de junho em bandeira vermelha. E o período de estiagem no centro-sul do país está só começando”, afirma o presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci.
“No ano passado, a principal justificativa para a não adoção da medida foi a falta de tempo hábil. Desta vez, o governo tem a oportunidade de agir com antecedência, permitindo assim um planejamento adequado e eficaz para sua implementação”, completa Solmucci.
Em uma pesquisa realizada pela Abrasel e pelo Reclame Aqui, em setembro de 2024, 55% dos consumidores declararam ser favoráveis ao retorno do horário de verão. Entre os entrevistados, 43,6% apontaram a economia de energia como principal vantagem, 47,9% disseram ter mais tempo para o lazer e 35,2% relataram sentir-se mais seguros ao voltar do trabalho com mais luz natural no início da noite.
Justificativa para o fim da medida precisa ser reavaliada
O horário de verão foi revogado em 2019, sob a alegação de que a economia de energia havia se tornado irrelevante devido às mudanças no perfil de consumo da energia elétrica. No entanto, o atual cenário de tarifas elevadas e incertezas no abastecimento hídrico exige uma nova avaliação.
Além dos possíveis ganhos na eficiência energética, a retomada da medida pode favorecer setores que dependem da mobilidade urbana e da presença do consumidor. “Quando ainda há luz natural, o brasileiro se sente mais estimulado a sair ou permanecer nas ruas. Isso favorece a movimentação em bares, restaurantes, lojas e outros negócios, além de ampliar a sensação de segurança. É um efeito positivo em cadeia, do qual a economia e a população saem portanto beneficiadas”, destaca Paulo Solmucci.
Diante da nova cobrança da tarifa vermelha e da perspectiva de desafios crescentes para o sistema elétrico nacional, a Abrasel reforça o apelo para que o governo federal reavalie a política atual e considere a retomada do horário de verão. “O momento exige decisões baseadas em dados atualizados e no interesse coletivo. O horário de verão pode ser uma solução estratégica para mitigar assim os impactos financeiros do setor elétrico. Além de fortalecer segmentos essenciais da economia, mas essa decisão precisa ser discutida com urgência para que não seja postergada novamente”, conclui Solmucci.