Projeto no Amazonas impulsiona transição energética em comunidades fora da rede nacional

Projeto no Amazonas impulsiona transição energética em comunidades fora da rede nacional

Desde o dia 29 de maio, Caiambé, no coração do Amazonas, às margens do Rio Solimões e distrito de Tefé, já opera plenamente como a primeira comunidade do interior a receber uma usina híbrida instalada pela Aggreko, empresa de soluções energéticas. O projeto, que tem apoio de autoridades locais e nacionais, busca levar energia confiável e sustentável às áreas mais isoladas do estado que estão fora da rede nacional.

Projeto no Amazonas impulsiona transição energética em comunidades fora da rede nacional
A Inauguração da usina Aggreko

 

No dia 2 de junho, foi publicado no Diário Oficial da União o resultado preliminar da chamada pública de projetos do Programa de Redução Estrutural de Custos de Geração de Energia na Amazônia Legal e de Navegabilidade do Rio Madeira e do Rio Tocantins – Pró-Amazônia Legal – CGPAL, uma iniciativa vinculada ao Ministério de Minas e Energia, que visa a redução estrutural de custos de geração de energia. Entre os projetos selecionados, estão os 1, 2, 3 e 5, referentes a localidades operadas pela Aggreko, que contemplam outras 23 comunidades do Amazonas com previsão de implantação de 88 MWp de geração solar e 105 MWh em sistemas de armazenamento de energia com baterias (BESS).

Ou seja, o modelo híbrido estreado em Caiambé, que combina geração térmica, energia solar e sistemas de armazenamento, deixa de ser um projeto-piloto e se consolida como o padrão tecnológico que será replicado em larga escala. A expectativa é que todas as plantas  atualmente atendidas pela Aggreko no estado sejam hibridizadas.

O estado do Amazonas é o maior do Brasil, com mais de 1,5 milhão de quilômetros quadrados de extensão. A região é marcada por vegetação densa, acessos fluviais e longas distâncias, o que torna portanto inviável a instalação de redes de distribuição de energia. Muitas comunidades permanecem fora da rede nacional e desconectadas do mundo exterior. É justamente nesse contexto que a Aggreko atua, desenvolvendo soluções energéticas sob medida para atender locais remotos.

A usina instalada em Caiambé combina geração termoelétrica a diesel, energia solar e sistemas de armazenamento de energia com baterias. Ela garante dessa forma mais estabilidade, eficiência e redução de emissões de gases poluentes. A solução implementada conta com 1,4 MW Térmico, 373 kWp de potência solar instalada e um sistema de baterias BESS de 1 MW / 500 kWh. Ela é capaz de armazenar e distribuir energia com alta confiabilidade, mesmo durante períodos de baixa incidência solar. Com a operação da nova matriz, estima-se assim uma redução de aproximadamente 130 mil litros de diesel e 405 toneladas de CO2 evitadas por ano.

A hibridização de tecnologias representa uma solução estratégica para os desafios de acesso e sustentabilidade enfrentados por comunidades isoladas, como Caiambé. O local só pode ser alcançada por via fluvial, o que em muitos casos, significa dias de deslocamento.

“Temos muita expertise em hibridização, com projetos implementados em diferentes contextos no Brasil e no mundo. Mas na Amazônia é diferente. O desafio aqui não é apenas técnico, é também logístico, climático e cultural. Desenvolver soluções específicas para este contexto, respeitando o modo de vida local e enfrentando limitações de acesso, é o que torna este projeto tão inovador e transformador”, explica Cristiano Lopes Saito, diretor de Vendas Utilities da Aggreko no Brasil. “Considerando o desafio, precisamos garantir uma solução robusta que mantenha a confiabilidade do fornecimento, mas com menores emissões. Estamos aprendendo tanto quanto entregamos”.

O modelo híbrido de geração implementado em Caiambé marca um passo importante para a descarbonização de sistemas isolados no Brasil. A parceria com a Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), cofinanciada pelos recursos do programa de P&D da Aneel, resultou no desenvolvimento de um sistema de controle totalmente automatizado e integrado. Ele é capaz de gerenciar assim as diferentes fontes de energia de forma eficiente. Mesmo em condições climáticas adversas, como os frequentes dias nublados da região.

Energia para sistemas isolados

Com cerca de 3 mil habitantes, Caiambé sofria, antes da chegada da Aggreko, com uma infraestrutura energética precária que limitava o desenvolvimento social e econômico. A nova matriz híbrida permitirá energia mais limpa e custo operacional mais eficiente, impactando diretamente a qualidade de vida da população.

Atualmente, a Aggreko fornece energia para 26 comunidades remotas do Amazonas e emprega diretamente 196 pessoas nestas localidades. Ela conecta locais onde a rede nacional nunca chegou e dificilmente chegará. Além disso, todo o processo de descarte de resíduos é realizado com monitoramento rigoroso e tratamento adequado em Manaus, reforçando o compromisso com a sustentabilidade ambiental.

“Caiambé não é apenas uma comunidade beneficiada, é também um laboratório vivo. Cada dado coletado aqui, cada ajuste técnico feito, serve dessa forma como base para desenhar a próxima etapa do projeto. Estamos testando e validando tecnologias que poderão assim ser aplicadas em dezenas de outras comunidades amazônicas que estão fora da rede nacional”, destaca Jaqueline Almeida, Gerente do projeto.

Segundo Jaqueline, o projeto também representa um marco tecnológico: “Nosso objetivo é expandir com responsabilidade. O controlador que desenvolvemos aqui é resultado de anos de pesquisa em sistemas energéticos inteligentes. Mas testá-lo em Caiambé, com todos os desafios ambientais e de conectividade, foi o verdadeiro divisor de águas. Estamos falando de uma tecnologia que pode ser a chave para descarbonizar comunidades isoladas no mundo todo, e que nasce no coração da floresta amazônica”.

Leia também Amazonas deve investir em transição energética justa para melhorar qualidade de vida a partir de soluções locais
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