Uma forma das empresas se manterem competitivas é prestar atenção às tendências e às oportunidades futuras. No segmento de cabos de aço e de suas múltiplas finalidades, além de acompanhar a evolução de setores já estabelecidos, como construção civil, logística e operações portuárias, por exemplo, é preciso estar atento aos desdobramentos da expansão da energia renovável offshore.
Este é um mercado novo e extremamente promissor, formado por duas fontes energéticas que têm sido implantadas em corpos d’água: a fotovoltaica e a eólica. No primeiro caso, placas de energia solar são instaladas em grandes estruturas flutuantes, com algumas usinas já operando no Brasil, especialmente em reservatórios de hidrelétricas – portanto, não necessariamente offshore, mas com potencial para também explorar estas áreas. Já a eólica se apresenta como um grande potencial a partir do Projeto de Lei 576/21, que regulamenta esta modalidade e está em tramitação.
Existem muitas vantagens na exploração de energias renováveis offshore. Para a fotovoltaica, os benefícios incluem menor uso da terra, eliminação dos custos com terraplanagem e maximização do aproveitamento de reservatórios. No caso da eólica, além do menor uso de terra, os ventos fortes no mar oferecem um poder de geração muito maior, que supera os 15MW por turbina, enquanto no modelo onshore a média é de 4MW.
Além disso, quando falamos de projeção de investimentos, o cenário futuro é ainda mais promissor. Uma estimativa do Banco Mundial para eólicas offshore no Brasil aponta potencial de até R$ 900 bilhões em investimentos e geração de meio milhão de empregos até 2050.
Indústria de cabos
Colocar de pé e operacionalizar as novas infraestruturas de energias renováveis offshore sem dúvida representará uma ampla gama de oportunidades para a indústria de cabos de aço e cabos sintéticos. Desde a aplicação no processo de construção das estruturas até a manutenção ao longo do tempo, o mercado deverá buscar as mais recentes tecnologias em cabos para içamento, movimentação e sustentação.
São materiais que ocuparão um papel fundamental na expansão das fontes de energia renováveis offshore, tendo funções diversas, como na composição das estruturas de conexão entre as placas fotovoltaicas flutuantes ou na ancoragem submersa das torres eólicas.
Destaque para cabos sintéticos
Nesta perspectiva e diante das características de operações offshore, os cabos sintéticos, produzidos a partir de fibras de polietileno de alta densidade molecular (HMPE), devem ganhar destaque. Trata-se de um material que vem há alguns anos substituindo os cabos de aço convencionais em diversas situações. Um avanço que só não é mais rápido porque esta tecnologia ainda tem um custo elevado quando comparada com os materiais já estabelecidos.
Porém, o uso de fibra sintética traz uma série de vantagens. A primeira delas é relativa ao peso, já que esses cabos são até 90% mais leves, mesmo tendo as mesmas dimensões e especificações de ponto de ruptura. O menor peso é também um benefício por reduzir riscos ergonômicos para os trabalhadores que fazem seu manuseio. Além disso, por não necessitarem de lubrificação, apresentam custo reduzido de manutenção e em operações offshore esse fator ainda representa menos risco de contaminação das águas. E por serem mais maleáveis, aumentam a vida útil das partes do sistema com que entram em contato.
Enquanto a produção de energia fotovoltaica em corpos d’água já vem sendo implementada no país, a eólica offshore é uma promessa sólida para o futuro. Diversos agentes econômicos demonstram interesse em suas vantagens, especialmente em um momento global de transição energética.
Essa perspectiva representa uma série de oportunidades para diversos setores e a realização desse novo passo rumo a uma produção energética sustentável passa pelas tecnologias de içamento e movimentação de cargas, assim como de ancoragem e estabilização de grandes estruturas, nas quais os cabos de aço ou de fibra sintética desempenham um papel extremamente relevante.
