A Thymos Energia, consultoria de negócios especializada no setor energético, avalia que o retorno do horário de verão pode ser uma alternativa viável para mitigar a demanda por eletricidade no horário de pico de consumo e auxiliar na manutenção da confiabilidade do sistema elétrico. Segundo a consultoria, a medida do Governo Federal – hoje em estudo – com base na configuração atual da matriz elétrica do país, vai otimizar a geração renovável.
Embora os efeitos do horário de verão sobre o consumo de eletricidade não sejam significativos, a adoção da medida pode potencializar o uso de energia solar, uma vez que a matriz elétrica nacional tem passado por mudanças nos últimos anos envolvendo a expansão de fontes renováveis. Dados do Operador Nacional do Sistema (ONS) indicam que, atualmente, a solar fotovoltaica representa 24,5%, superando os 59 GW de capacidade instalada. Só no primeiro semestre deste ano, foram acrescentados 5,1 GW, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
Mayra Guimarães, diretora de Regulação e Estudos de Mercado da Thymos Energia, avalia que a diretriz governamental, que prevê adiantar uma hora os relógios na maioria dos estados brasileiros, pode trazer benefícios à matriz elétrica nacional. Isso porque a geração de energia solar é uma fonte diurna e estratégica para atender ao pico de consumo que ocorre entre 13 e 17 horas.
“Continuar a gerar energia por mais uma hora contribuiria para mitigar, em parte, o início do segundo pico, que é das 19 e 22 horas, período em que as pessoas estão voltando do trabalho para suas casas e ligam simultaneamente diversos equipamentos elétricos”, diz Mayra. Ela observa que o horário de verão ajudaria ainda para o maior aproveitamento da geração eólica, cujo melhor desempenho ocorre no começo da noite. A geração de energia com os ventos corresponde atualmente a 13,9% da matriz, com mais de 33 GW.
A executiva complementa que, se no passado o horário de verão foi importante para reduzir o consumo de eletricidade, hoje pode ser um recurso para aproveitar melhor a geração renovável. “Em 2019, quando houve a decisão de não manter a diretriz aplicada desde 1931, a representatividade da geração solar no país era muito menor, com 4 GW de capacidade instalada, mas o cenário mudou. Hoje, trata-se da segunda fonte de geração mais abundante do país”, conclui.